Mestre do seu ofício, o fotógrafo é alguém que, na concretização da sua arte, exerce a
glória do testemunho, oferecendo aos demais a coerência, a beleza e a verdade do seu mundo interior.
O instante em que o talento do fotógrafo dá corpo ao clique da intuição que fere a película permite o aparecimento, num bocadinho de papel, da magia de algo único… a fotografia.
Resgate da memória, a fotografia é uma manifestação singular da sensibilidade do seu criador. É, também, um testemunho do tempo em que surgiu. É, ainda, uma palpitação artística reservada à apreciação dos vindouros.
Arte efémera muito desconsiderada aos olhos do espectador profano, a fotografia impõe-se-nos como evidência aos sentidos: nela vivem os antepassados olvidados; nela está o monumento que fisicamente já não existe; nela grita a denúncia da guerra pavorosa; nela estão, prenhes de desejo, os amantes para sempre jovens.
Uma fotografia conseguida permite, verdadeiramente,
a folia do olhar. Dela podemos dizer, citando John Keats:
“Um pedaço de beleza é uma alegria para sempre!”.
J. M. de Barros Dias